Escolas iniciam ano letivo com novas
regras sobre uso de celular
Aulas voltaram com restrição quanto ao
uso do aparelho, que poderá ser levado para a escola, mas somente usado em caso
de emergências. Especialistas explicam funcionamento da nova rotina
Escolas de todo o Brasil iniciaram o
ano letivo de 2025 com a implementação de novas regras para o uso de celulares,
em cumprimento à lei que proíbe o uso do aparelho em qualquer ambiente escolar
e que foi sancionada nos últimos dias pelo governo federal. A agência de educação, ciência e
cultura da ONU, a UNESCO, afirmou recentemente que há evidências de um
desempenho educacional reduzido quando há altos níveis de tempo de tela e
efeito negativo quando o assunto é estabilidade emocional dos alunos. Outro levantamento
realizado pela Nexus em outubro do ano passado, por meio da Pesquisa e Inteligência de Dados revelou que 86% da
população brasileira são favoráveis à restrição ao uso de celular nas escolas,
enquanto 54% são favoráveis à proibição total dos aparelhos.
As informações refletiram em
discussões sobre o tema em todo o país nos últimos meses. Em Goiânia, alguns
colégios já debatiam o assunto internamente, buscando estabelecer medidas
específicas para adaptar professores, alunos e pais à nova realidade. De acordo
com o orientador pedagógico do Colégio Integrado, André Henrique Tavares de
Assis, a preparação começou muito antes da aprovação da lei. “A instituição
estava monitorando o projeto de lei e planejamos um protocolo para o caso de
sua sanção. Reconheço que a transição será desafiadora, especialmente para os
alunos mais dependentes da tecnologia. Agora, cada sala de aula terá uma caixa
com compartimentos para que os estudantes deixem seus celulares. As caixas
serão trancadas e as chaves ficarão sob responsabilidade da orientação
educacional. O acesso aos aparelhos será permitido apenas ao final do turno,
sem exceções durante o intervalo a não ser em caso de emergência”, explica.
Além de estabelecer o armazenamento
seguro dos aparelhos, o colégio também revisou práticas pedagógicas e a postura
dos professores. Segundo André Henrique, os docentes passaram por uma semana
pedagógica recebendo orientações sobre a adaptação ao novo modelo de aulas. “Os
professores são exemplos para os alunos. Portanto, eles também não poderão usar
celulares pessoais em sala de aula e deverão recorrer aos canais institucionais
em caso de necessidade. O foco agora será resgatar métodos de ensino que não dependam
de dispositivos móveis”, pontua o orientador. Para melhor adaptação, educadores
e alunos contarão com suporte psicológico e o envolvimento das famílias com
terapeutas e orientadores para que essa fase de ajuste seja conduzida de forma
assertiva.
Conscientização da família
O Colégio Externato São José sempre
seguiu a política do estímulo a uma relação mais saudável com a presença dos
aparelhos celulares na escola. “Já vínhamos adotando uma postura de incentivo e
conscientização do uso dos smartphones somente em momentos de necessidade, de
acordo com lições orientadas pelos professores ou em emergências familiares.
Mesmo no recreio, buscamos estimular a integração dos alunos com as diversas
possibilidades do espaço físico do colégio, por exemplo, para a prática de
esportes, interação com a natureza, o hábito da leitura, entre outros, assim
como para um melhor aproveitamento do tempo de maneira geral”, comenta Tatiana
Santana, diretora pedagógica do Externato. Com a nova lei, a educadora comenta
que todo um protocolo de cuidado e um novo processo de conscientização teve
início na volta às aulas. “Um dos primeiros passos, como é uma tradição da
nossa escola, é o alinhamento com os pais e responsáveis. As famílias têm um
papel fundamental nessa questão, afinal, o comportamento digital das crianças e
adolescentes começa em casa. Com regulamentações claras, investimentos em
educação digital e o apoio dos familiares, podemos transformar a relação dos
alunos com o celular. O objetivo não é excluir a tecnologia, mas garantir que
ela seja uma aliada no processo de aprendizagem”, finaliza.