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Setembro Verde: Fila de espera para transplantes de córnea quase triplica em dez anos. Em Goiás, cerca de 1,5 mil pacientes aguardam pelo procedimento

 



Em Goiás, cerca de 1,5 mil pacientes aguardam pelo procedimento e um dos motivos desta espera é a falta de conscientização para a doação

 

 

O número de pacientes na fila de espera por um transplante de córneaa no Brasil quase triplicou nos últimos dez anos, passando de 10.734 em 2014 para 28.937 em junho de 2024. É o que mostra um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgado nesta semana.

 

 

Um dos motivos para esse aumento registrado no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas redes privada e suplementar, de acordo com o CBO, foi a pandemia da covid-19 que impactou negativamente os procedimentos eletivos. A insuficiência de doadores é outro ponto que impacta neste crescimento, segundo o CBO.

 

 

Entre 2014 e junho de 2024, 146.534 pacientes passaram pelo transplante de córnea no Brasil. A média nacional do tempo de espera pela cirurgia é de 194 dias, pouco mais de 6 meses. O Conselho estima que, para zerar a atual fila de espera, seria necessário praticamente dobrar a capacidade anual de transplantes.

 

O Brasil conta, atualmente, com 651 equipes capacitadas para realizar transplantes de córnea, distribuídas em 429 serviços habilitados. Mas, para aumentar esses procedimentos é preciso conscientizar a população sobre a importância da doação, o foco da campanha Setembro Verde que acontece durante todo esse mês.

 

Doação de córneas: saiba mais sobre este ato solidário que devolve a visão a quem precisa

 

Ricardo Antônio Pereira, médico oftalmologista da equipe do Instituto Panamericano da Visão (foto), explica que as córneas estão entre os órgãos e tecidos que podem ser doados e transformam a vida de quem espera em uma fila de transplante. As córneas são tecidos finos, delicados e transparentes que recobrem a parte frontal dos olhos, permitindo uma visão nítida.

 

Porém, ferimentos e doenças, como ceratocone, degeneração marginal, ceratopatia bolhosa e leucomas, por exemplo, prejudicam essas estruturas e levam o paciente a perder a visão total ou parcialmente.

 

Assim, surge a necessidade de um transplante de córnea, em um ou nos dois olhos. Segundo a Gerência de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, dos 830 transplantes realizados no Estado em 2023, 621 foram de córneas. Em 2022, o número foi de 391, mas o recorde ocorreu em 2017, com 1037 procedimentos do tipo.

 

Porém, em julho de 2024, cerca de 1.500 pacientes ainda esperavam por um transplante de córnea em Goiás.

 

As cirurgias costumam ser realizadas com anestesia local e o objetivo é substituir o chamado “disco corneano” doente pelo saudável que foi doado. A visão volta a ficar nítida entre seis e 12 semanas, de acordo com as condições de saúde de cada pessoa.

 

Quem pode ser um doador de córneas?

 

A doação de córneas é realizada com um doador falecido, por morte encefálica ou parada cardíaca. A existência de problemas de visão como miopia, astigmatismo e hipermetropia não atrapalha a doação nem o resultado do transplante.

 

No entanto, a solidariedade pode ser prejudicada por alguns mitos que ainda envolvem a doação de órgãos, incluindo as córneas. Não é verdade, por exemplo, que o doador tem o corpo deformado e que precisará ser velado em caixão fechado.

 

A cirurgia para a retirada dos órgãos é feita de forma respeitosa e por profissionais médicos capacitados. Dessa forma, o corpo do doador não sofre lesões desnecessárias, nem mesmo nos olhos.

 

Como doar

 

Para ser um doador, basta avisar aos familiares sobre esse desejo, pois serão eles os responsáveis por permitir a doação.

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