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 Além de benefícios nutricionais, o aleitamento materno atua no desenvolvimento dos dentes e da saúde bucal


Agosto Dourado é uma campanha instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com o objetivo de promover a importância do aleitamento materno. O leite humano é essencial para o desenvolvimento durante a primeira infância, influenciando fatores como a proteção contra infecções respiratórias e a formação da arcada dentária.


De acordo com Ilana Marques, odontopediatra da clínica IGM Odontopediatria, a iniciativa é extremamente necessária para assegurar, desde os primeiros momentos de vida, a saúde das crianças. “O leite materno tem padrão ouro de qualidade e, por isso, é o Agosto Dourado. A campanha é importante não só pelo valor nutricional, mas também por ser uma ligação psicoafetiva poderosa entre o bebê e sua mãe”, aponta a especialista. A OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e como complemento na alimentação até os 2 anos de idade.


Ilana destaca também o papel crucial da amamentação no desenvolvimento dos ossos, músculos e articulações faciais: “São vários grupos musculares que a amamentação tem o poder de estimular por meio da sucção. Os músculos que o bebê precisa utilizar para ordenhar o leite materno são os mesmos que, no futuro, serão usados para uma mastigação de qualidade, forte o suficiente para triturar alimentos mais fibrosos e duros, que irão complementar o crescimento da face como um todo”, explica a odontopediatra.


Outra contribuição do aleitamento materno é o posicionamento adequado entre a mandíbula e o maxilar, refletindo-se não só no alinhamento futuro dos dentes, mas também na dicção e deglutição, funções básicas do aparelho bucal. “A amamentação estimula a respiração pelo nariz, que é uma das funções principais para o crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida dessa criança”, afirma a odontopediatra. Além disso, a amamentação torna desnecessário o uso de mamadeiras e chupetas, que são hábitos prejudiciais para os bebês.


A especialista reforça também a relevância da identificação da língua presa nos primeiros dias de vida, uma vez que o problema pode prejudicar a amamentação. Segundo um estudo da Revista CEFAC, essa condição atinge entre 1,7% e 4,4% dos bebês, embora apenas metade tenha dificuldade para amamentar. ”Essa condição genética impacta diversas funções essenciais, como sugar, mastigar, engolir e falar. A língua presa pode prejudicar o ganho de peso do bebê, machucar os seios da mãe e contribuir para problemas como regurgitação e cólicas”, detalha Ilana.


É importante, dessa forma, observar se o recém-nascido consegue fazer a pega correta. Caso contrário, é indicado buscar um profissional que possa avaliar a língua do bebê. Após avaliação, se houver necessidade de intervenção cirúrgica, os pais devem decidir qual técnica e profissional de sua preferência. “Hoje em dia, existem diversas abordagens cirúrgicas disponíveis para a correção da língua presa: por meio de tesoura ou bisturi, por bisturi elétrico, por laser cirúrgico e também a técnica mista, onde, numa mesma cirurgia, pode-se usar laser e tesoura. Cada caso deve ser avaliado de forma individual para que a melhor escolha seja feita.”

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