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Como a ausência de saneamento básico pode afetar o meio ambiente

 

Francisco Carlos Oliver*

As mudanças climáticas estão evidenciando que os cuidados com a saúde ambiental do planeta são imprescindíveis, caso contrário cada vez mais vamos nos defrontar com problemas críticos, com resultados preocupantes para todos seus habitantes. Por isso é importante também considerar seriamente neste contexto o papel do saneamento básico para manutenção do bem-estar da população. Nota-se que não só empresas e governos, mas os cidadãos estão mais conscientes do problema e atentos para as formas que pessoalmente possam contribuir.

Nos dias de hoje já ficou visível, que se o meio ambiente não for cuidado adequadamente os resultados negativos terão maior gravidade e poderão contribuir com mais inundações, mudanças climáticas e grandes variações de temperatura, erosões, podendo inclusive influir na destruição de manguezais, que são responsáveis pela geração de boa parte do que é obtido no mar para alimentação humana. O jornalista Joelmir Betting, décadas atrás já havia alertado: “A natureza não se defende, mas como se vinga”.

A poluição das águas tem sido provocada em boa parte pela inexistência de atividades de saneamento. Em diferentes cidades, os esgotos que não passam por um processo de tratamento são os principais responsáveis por contaminar lençóis freáticos, mananciais e também a faixa litorânea. A falta de cuidados com o meio ambiente pode provocar ainda a morte de diversas espécies de animais e vegetais, e desequilibrar o ecossistema do lugar, gerando muitas vezes sérias complicações de toda ordem, que inevitavelmente causam prejuízos. Alguns setores como agricultura, indústria, turismo e comércio estão entre os segmentos que mais sentem economicamente os resultados ecológicos negativos.

Com o crescimento populacional e industrial, é inevitável que os problemas de saneamento básico também aumentem. Por essa razão,

governos municipais, estaduais e federal têm trabalhado há muitas décadas para reduzir as adversidades da poluição ambiental e melhorar as condições sanitárias fundamentais. Estudos do Senado Federal apontam que hoje a carência de saneamento básico prejudica mais de 130 milhões de brasileiros. Entre eles cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto.

Enfermidades decorrentes desta ausência como a disenteria bacteriana, febre tifoide, esquistossomose, leptospirose, entre outras, atingem principalmente aquelas populações menos assistidas. Lamentavelmente, no momento apenas 49% dos esgotos do País são tratados adequadamente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) aproximadamente 15 mil pessoas no Brasil morrem por ano por doenças originadas pela fragilidade do seu sistema de saneamento básico.

Outras 350 mil são internadas por causa de doenças originárias pela falta desse recurso. Algumas das moléstias propiciadas, também colaboram com o aumento da taxa da mortalidade infantil. Portanto, saneamento é um fator de extrema relevância na saúde pública tanto para uma pequena comunidade local como para uma população de uma megacidade.

Somente com a coleta e o tratamento correto dos despejos com tecnologia apropriada se alcança a proteção de rios, lagos, córregos, mares e outros recursos hídricos essenciais para o ser humano. Uma rede de esgoto residencial ou industrial se não for tratada corretamente, durante a decomposição dos dejetos vai consumir mais oxigênio, e ele é essencial à vida animal como a dos peixes. A falta do elemento químico também pode estimular o crescimento de algas, provocando desequilíbrio ambiental.

A cada ano as tecnologias de saneamento, que passam por evoluções e melhoramentos, têm sido ferramentas fundamentais para melhorar a qualidade das águas. O tratamento reduz o volume de agentes poluidores, vindos de diversas áreas rurais e urbanas pelo País. Esses produtos e soluções usados no Brasil muitas vezes são exatamente os mesmos

empregados nos Estados Unidos e Europa e são considerados de ponta e extremamente seguros.

Ultimamente, tem havido mudanças que estimulam a nossa visão pelas melhores perspectivas. O conceito ESG [em inglês], ou seja, a governança corporativa unida à sustentabilidade social e ambiental, tem sido muito prestigiado por lideranças de empresas conscientes pelo mundo todo. Nestes novos tempos, a imagem e conduta da organização empresarial ficaram intrinsicamente ligadas aos seus critérios socioambientais.

Os mais recentes parâmetros em circulação ajudam ainda na avaliação geral do desempenho, e na atuação no mercado e na sociedade. A filosofia da ESG fortalece os players que participam com responsabilidade no desenvolvimento econômico e social, e promovem segurança e engajamento nas tomadas de decisão do negócio. A conduta responsável dos gestores gera confiança na opinião pública de que há comprometimento e principalmente que estamos avançando para um mundo melhor.

No âmbito das nações comprometidas com o meio ambiente, o acordo final da Conferência das Nações Unidas – COP 28 – foi positivo ao antever a redução gradual do uso dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) diminuindo assim a emissão de gases, que contribuem com o aumento do efeito estufa. Os efluentes gasosos têm prejudicado substancialmente o planeta em que vivemos com as temidas mudanças climáticas.

 

*Francisco Carlos Oliver é engenheiro, e diretor técnico e comercial da Fluid Feeder, empresa fornecedora de equipamentos para tratamento de água e efluentes, com soluções de alta tecnologia para medição, transferência e dosagem de produtos químicos sólidos, líquidos e gasosos.


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