Especialista em MSS da Cipher avalia que o crescimento da cloud computing e a evolução da conectividade impulsionam o desenvolvimento de novas táticas de cibersegurança envolvendo todo o ecossistema da rede, do provedor ao endpoint
São
Paulo, junho de 2023
- A migração de aplicações, plataformas e infraestrutura para ambientes em Nuvem,
cada vez mais descentralizados com o avanço do 5G, seguem na liderança entre as
tendências de tecnologia da informação para os próximos anos. Dados da
consultoria Gartner apontam que pressões inflacionárias e o cenário macroeconômico
provocam o “efeito de empurrar e puxar os gastos com a Nuvem” (que devem somar
US$ 591,8 bilhões em 2023, com crescimento previsto de 20%). Essa evolução que
traz diversos ganhos (por exemplo, financeiros e ambientais), mas também exige
uma nova visão sobre a segurança da informação.
Segundo o gerente de MSS da Cipher, Marco Alexandre
Garcia, serviços na Nuvem são uma modernização natural da arquitetura de TI,
que simplificam tarefas, promovem escalabilidade e aumentam a eficiência das
soluções, com maior aderência a cada modelo de negócio. “Conceitualmente a
cloud pode ser pensada como “sofware defined infrastructure”, o que lhe confere
uma flexibilidade e escalabilidade muito superiores à infraestrutura física
tradicional. Já o SaaS (software as a service) tem como principal diferencial a
facilidade na implementação, uma vez que a parte mais complexa da solução está
centralizada em cloud e pronta para se integrar aos ambientes”, explica.
O
especialista acrescenta que há várias opções de serviço em Nuvem, que vão desde
a criação de máquinas virtuais (VMs) e de redes definidas virtualmente (SDNs),
passando por microsserviços e componentes da arquitetura, até chegar em
soluções ou softwares como serviço (SaaS), setor que, segundo o Gartner, deve
movimentar US$ 195,2 bilhões em 2023. Também aponta que a adoção de ferramentas
de proteção e segurança no modelo SaaS Cloud é sinônimo de maturidade em
relação à segurança digital. “Por exemplo, se APIs maduras estiverem
disponíveis, as possibilidades de automação de resposta à incidentes serão
exponencialmente ampliadas, reduzindo drasticamente o tempo de reação e
mitigando riscos”, relata.
Onde estão as maiores vulnerabilidades para aplicações
em nuvem
Para Marco Alexandre Garcia, os problemas se
segurança mais comuns na Cloud Computing estão em permissionamentos mal
configurados, falta de diligência para recomendações básicas emitidas pelos
próprios provedores de cloud e o não entendimento dos mecanismos de proteção e
controle disponibilizados pelas plataformas. Segundo o executivo, a cloud também
está sujeita a vulnerabilidades clássicas derivadas de códigos inseguros,
senhas fracas, libraries comprometidas ou desatualizadas, e a ausência de
patches de segurança, entre outros.
Garcia ainda lembra que as empresas sempre sofreram
com o problema da shadow IT (computação na sombra, ou invisível à gestão
da rede) e a adoção da cloud pode multiplicar esse problema, já que os ativos
passam a ser virtualmente definidos, e recomenda medidas que as empresas podem
tomar para proteger suas aplicações em Nuvem:
·
Em primeiro lugar, é altamente recomendável a
adoção de uma cultura de security by design. Isto significa que é
preciso planejar adequadamente a adoção dos serviços em cloud, com foco em entender
e utilizar adequadamente os mecanismos de proteção e controle disponíveis,
antes de apoiar o negócio nestes ambientes.
·
Para ambientes cloud que já estejam em produção,
além de escaneamento de vulnerabilidades e pentestes (testes de intrusão), há
um tipo de ferramenta específico de grande valia: o CSPM (cloud security
posture management), que permite, através de consultas às APIs das plataformas
de cloud, obter visibilidade consolidada de riscos decorrentes de configurações
inadequadas.
·
Considerando especificamente o tema da proteção de
dados, é importante entender que a adoção de uma ferramenta DLP pressupõe que
os dados tenham sido previamente classificados, e que regras claras para tal
classificação estejam definidas e que as políticas tenham sido difundidas junto
aos usuários.
·
Além disso, a descentralização dos dados, tendência
acelerada pela Edge Computing, exige cuidados específicos para sua proteção, o
que envolve monitoramento do tráfego e eventuais medidas restritivas ou de bloqueio
para determinadas aplicações como e-mail ou navegação na web. Desta forma, as
regras e a classificação dos dados, aliados às ferramentas de DLP que estejam
integradas ao ciclo de gestão de incidentes de segurança, fornecem as bases
necessárias para garantir uma tratativa adequada para falhas na segurança.
Cibersegurança como SaaS
O executivo enxerga como futuro a expansão da Cibersegurança
do ambiente físico para a cloud, ampliando o espectro de proteção e controle.
Avalia que os maiores provedores de soluções EDR/XDR (para detecção de
resposta) vêm reduzindo o fornecimento de seus softwares na modalidade
on-premises, deixando suas consoles em cloud. “Obviamente os agentes locais
ainda existem dentro do ambiente, porém toda a telemetria que geram é enviada e
tratada em cloud. O mesmo movimento tem sido observado em soluções de gestão de
identidade e acesso, proteção de e-mails e navegação na web, entre vários
outros”, esclarece.
Para Garcia, outra tendência correlata é o fato de
que os tradicionais vendors de software de proteção estão incluindo em
suas ofertas a gestão dos incidentes detectados por suas soluções (algo como um
SOC/CSIRT - Security Operations Centers e Computer Security Incident Response
Team - “embutido” no EDR/XDR), o que só se tornou viável devido à centralização
proporcionada pela modalidade SaaS.