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Opinião - Segurança nas escolas: mais do que criar barreiras

Opinião - Segurança nas escolas: mais do que criar barreiras

Na entrada da escola, barreiras. Nas cercanias, policiais por todos os lados. Botões escondidos de pedidos de socorro. Quais são, afinal, as medidas de segurança mais adequadas como prevenção à violência em diferentes unidades de ensino? Para especialistas no tema, as soluções principais para temores de ameaças não estão em medidas paliativas. 

A violência, que tem ocorrido em unidades de ensino, é multifacetada e complexa. Colocar um segurança na porta não vai resolver totalmente o problema. Hoje, observamos que muitos dos atentados são de crianças cometendo violência contra outras crianças e professores. Como afirmam os recentes dados, são raros os casos que o agressor vem de fora para cometer um atentado dentro da escola.

Como sempre acontece em casos como estes (lockdown devido à pandemia; “baleia azul”, envolvendo jogos macabros) há muita comoção, carregando consigo boas intenções, mas também várias demandas absurdas. Eventos como o da creche em Blumenau são fruto de fatores muito complexos, levando a uma situação que pode ser inevitável em alguns casos. Entretanto, na maioria deles, há maneiras de prevenção, desde que haja um envolvimento de toda a comunidade escolar, pois todos têm um papel a cumprir e são afetados direta ou indiretamente.

Mesmo que não seja possível evitar completamente um ataque aleatório, é perfeitamente possível minimizar seus efeitos e a gravidade dos atos praticados. Para começar, vamos ao que não funciona ou tem pouco efeito prático, mas é o que as famílias mais solicitam das escolas: seguranças armados e detector de metais. O risco de se ter pessoas armadas na porta da escola é muito maior que o benefício, ainda mais em nosso país.

Estes seguranças serão alvos fáceis de meliantes que saberão que ali tem uma arma disponível para ser roubada facilmente, sem muita resistência. Além da tragédia, que seria uma troca de tiros em qualquer ambiente escolar, sabemos bem disso em episódios de balas perdidas. Já os detectores de metal, são inviáveis pelo preço, pela tecnologia e pelo fluxo de entrada e saída de alunos. Imaginem um cenário de aeroportos, todos os dias na entrada das escolas.

O que funcionaria, então? Presença da família na criação dos filhos e a parceria com a escola de confiança.

Contudo, algo mais profundo e humanizador precisa ser feito. As famílias precisam de tempo de qualidade com seus filhos, sem que desviem o olhar para tela de celular. Assim, os filhos receberão as boas referências que irão capacitá-los a estarem em qualquer lugar e com qualquer pessoa, sem que seja necessário abolir a existência alheia.

Estudos da UNICAMP mapearam os casos extremos nos últimos 20 anos e concluem que a violência é premeditada e motivada por raiva, vingança e envolvimentos com grupos extremistas, principalmente na internet. Essas comunidades incitam crianças e jovens ao ódio. Logo, acompanhar o que seus filhos acessam em seus dispositivos é um dever educativo das famílias. Vamos juntos e, insistentemente, ensinar sobre a força do diálogo como forma de mediar conflitos. Somos todos artesãos da paz!


Tatiana Santana é diretora do Colégio Externato São José e coordenadora regional da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil)

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