Na pandemia de covid-19 as pessoas tiveram dificuldade em dividir as tarefas e ficaram sobrecarregadas, abdicaram de eventos importantes da vida, e para buscar o equilíbrio, devem seguir alguns passos
A quebra da rotina, a pressão sofrida nos quase três anos de pandemia,
as adaptações forçadas a que todos tiveram de passar neste período aumentaram a
necessidade de cuidar da saúde mental. Desde 2014, anos antes do surgimento da
pandemia, a campanha Janeiro Branco já alertava para a necessidade de darmos
mais atenção à saúde mental, na busca de uma humanidade mais saudável. O grande
problema, contudo, é o preconceito. Há um estigma de que não é todo mundo que
precisa de tratar da saúde mental.
Para o psicólogo Felipe Brito,
especialista do Hapvida NotreDame Intermédica, ao contrário do que se pensa,
procurar profissionais de saúde mental - psicólogos e psiquiatras - não
serve apenas para melhorar uma condição que gera desconforto, mas também para
desenvolver novas habilidades e até melhorar condições que já estão bem
estabelecidas em diversos contextos e ambientes. "É por isso que eu sempre
recomendo conhecer o trabalho destes profissionais. A saúde mental sempre
foi tratada com um certo tabu pela sociedade. Acho interessante até para a
pessoa conhecer e ver o quanto é importante a gente estar se
cuidando".
De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), somente no primeiro ano de pandemia da covid-19, a prevalência
global de ansiedade e depressão aumentou cerca 25%. Para o especialista, a
pandemia afetou a todos de inúmeras maneiras. O ambiente no qual as pessoas
mantinham suas interações sociais acabou mudando drasticamente nesse período pandêmico.
"Quando a gente fala, por exemplo, de trabalho, existia uma divisão muito
clara onde era o local de trabalho e onde era o local de fazer o lazer e o de
fazer o descanso". Com a pandemia e a ida para o trabalho remoto, tudo
isso foi modificado.
Em casa, as pessoas acabaram trabalhando além do período normal,
sobrecarregadas com outras pessoas dentro de casa e com dificuldade em dividir
suas tarefas. Além disso, abdicaram de eventos importantes em suas vidas, como
sair para um passeio, praticar exercício físico e entrar em contato com pessoas
muito significativas. Havia o medo do contágio e o sentimento de finitude, com
quase 700 mil mortes no país, ficou muito em evidência. Os cuidados para evitar
o contágio provocaram um isolamento social e isso causou danos na saúde mental
de toda a população em menor ou maior grau.
Hoje, para falar de saúde mental, segundo o especialista, é preciso
levar em conta vários contextos da vida do indivíduo como o trabalho, a vida
financeira e os relacionamentos efetivos que a pessoa tem. "Quando algo
não vai bem em uma dessas áreas, as pessoas podem apresentar alterações no
sono, no apetite, no humor, que faz com ela gere algum atrito, até mesmo com
pessoas próximas e só nota o problema quando estas pessoas reclamam".
*Ano Novo*
Problema comum todo início de ano são
os planos para o ano que se inicia sem que se faça nenhum tipo de planejamento.
"A primeira coisa que deve ser feita é planejar o que se quer. Não adianta
querer colocar mais uma atividade na rotina diária e viver com a corda bamba
para dar certo. É preciso planejar e saber o porquê quero determinada
coisa", afirma.
Outro ponto é monitorar o que está
sendo feito. "Colocar em um painel a evolução ajuda a ser mais
produtivo". O especialista do Hapvida NotreDame Intermédica ainda
recomenda fracionar tarefas muito grandes ou novas. "É melhor diluir as
tarefas, fazer um pouco a cada dia, acompanhar a sua evolução. É mais produtivo
do que tentar fazer tudo de uma vez só. É mais proveitoso e a gente se sente
recompensado".