Juliana Gebrim aponta os principais desafios desse momento de pandemia e recomenda apoio profissional antes que a situação fique pior de lidar
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) acendeu um sinal amarelo para a importância da saúde mental das pessoas. No mês em que se comemora o Setembro Amarelo – campanha nacional organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), ações em diferentes esferas sociais buscam reforçar a campanha e dar destaque para a importância dos cuidados com a saúde mental.
Segundo a psicóloga clínica e neuropsicóloga, Juliana Gebrim, a saúde mental é coisa séria e não se pode negligenciá-la. “Depressão é uma doença da mente e, como qualquer doença, necessita da ajuda de especialistas, como psicólogos e médicos psiquiatras, profissionais habilitados para esse tipo de situação. Mais da metade das pessoas que possuem depressão não procuram ajuda. E ainda temos aquelas pessoas que possuem a doença e não sabem”, explica.
A prática do isolamento social, tão necessária nesse momento, pode impactar diretamente na capacidade mental das pessoas provocando desgastes psicológicos. Neste sentido, o medo de contrair o vírus, de transmitir aos familiares, assim como a preocupação excessiva com os sintomas relacionando qualquer tosse ou falta de ar ao vírus, tem gerado estresse, ansiedade, insônia, irritabilidade, depressão e até transtornos de estresse pós-traumático (TEPT) nas pessoas.
De acordo com a neuropsicóloga, quando a pessoa é depressiva, ela apresenta alguns sintomas, como dificuldade de concentração, memorização, sentimentos de inutilidade, falta de prazer nas pequenas coisas, falta de motivação, isolamento, procrastinação, baixa autoestima, frustração, desesperança, irritabilidade e distúrbios na qualidade do sono (excesso ou falta).
“Se não tratarmos, ficaremos como fios desencapados, expostos a situações que irão nos abalar cada vez mais. A rede neuronal pode enfraquecer, causando danos cerebrais. Caso ocorra o tratamento, já está comprovado que a rede neuronal fica protegida com algumas medicações. É por isso que, muitas vezes, a depressão aparece depois de um quadro ansioso muito forte”, ressalta.
Home office - Gebrim também adverte para a necessidade das pessoas observarem à saúde mental dentro de casa, especialmente àquelas que estão trabalhando em home office. “É muito comum a gente encontrar pessoas que trabalham por longas horas seguidas, acompanhado de uma grande carga de trabalho. Para essas pessoas, deixo uma mensagem importante: cuide de você e se lembre que se você não estiver bem, não poderá fazer nada com perfeição. Sempre que puder, faça pausas, descanse entre os turnos de trabalho e aproveite para comer alguma comida saudável. Você sempre deve estar em primeiro lugar”, afirma.
Por fim, a psicóloga ressalta que é muito importante que as pessoas fiquem atentas aos sentimentos e emoções que estão emergindo, reconhecendo se possuem disponível recursos de enfrentamento para esta situação. “Caso não esteja conseguindo dar conta sozinha é recomendado que procure uma ajuda profissional”, finaliza.