Meninas de 9 a 13 anos serão vacinadas a partir de março; iniciativa pioneira do DF será levada para resto do país pelo governo federal
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal e o Ministério da Saúde lançam, nesta quarta-feira (22), a campanha de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). A partir de março, doses da vacina que previne o câncer de colo de útero serão oferecidas gratuitamente nas escolas públicas e particulares, além de centros de saúde, para meninas entre 9 e 13 anos.
Na campanha deste ano, a faixa etária foi ampliada. Em 2013, a população-alvo era meninas de 11 a 13 anos. "Nosso intuito é estender a adesão à proteção contra o HPV no DF. Além disso, queremos resgatar as que não completaram o esquema vacinal e aquelas que não receberam a primeira dose no ano passado", explicou o secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara.
A vacina que estará disponível no DF é a quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, e os outros (6 e 11) estão presentes em 90% dos casos de verrugas genitais.
Segundo a chefe do Núcleo de Imunização, Eudóxia Dantas, a meta da pasta para 2014 é vacinar cerca de 80% da população-alvo. Com o objetivo de garantir a efetividade, é necessária a aplicação de três doses, com intervalo de 60 e 180 dias após a inicial. Neste ano, a primeira ocorrerá em março, e as demais estão previstas para maio e setembro.
Em 2013, 50 mil meninas, de 11 a 13 anos, foram vacinadas com três doses, o equivalente a 79,5% da meta. Cada dose da vacina custou R$ 73, o que totaliza um investimento de cerca de R$ 13 milhões na compra de 192 mil doses. Outro diferencial deste ano é que a vacina será repassada à Secretaria de Saúde pelo Ministério da Saúde (MS).
A primeira campanha de vacinação contra o HPV foi reconhecida como uma experiência de sucesso pelo governo federal, que resolveu torná-la modelo para o resto do país. O MS também lançará, nesta quarta-feira (22), a campanha em todo o território nacional. A população-alvo são meninas de 11 a 13 anos em 2014 e, a partir do ano seguinte, a vacina será oferecida também a garotas de 9 a 11 anos.
"A menina que completou o esquema vacinal de três doses não precisará repetir", explicou a chefe do Núcleo de Imunização. Ela também destacou a importância do cartão de vacina, documento que comprova a aplicação. "Orientamos aquelas que foram vacinadas até duas vezes guardar esse documento e apresentá-lo no momento da vacinação, a fim de completar o esquema", comentou Eudóxia.
DOENÇA - Os HPVs são vírus capazes de infectar a pele e as mucosas. A transmissão se dá por contato direto com o local infectado, sendo que a principal forma de transmissão é pela via sexual. Quando a infecção persiste, ela pode resultar no desenvolvimento de lesões precursoras e progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, sendo que 40 deles podem infectar o trato ano-genital. Para evitar o surgimento do câncer de colo do útero, é importante que as mulheres façam exames preventivos (Papanicolau ou citopatológico), que podem detectar as lesões precursoras. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista". Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres, podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens, podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta, em ambos os sexos.